A Estela Das Constelações
ID: 144.314.207.48 – 314 (שַׁדַּי)
“E das mãos de Armon fluirão as águas de hitorerut quando o messias chegar”.
Sipra Hitorerut d’Qedmá[1]
A caverna estava cheia. Quarenta e duas lâmpadas suspensas e setenta e duas velas tradicionalmente confeccionadas com cera das qóren-tamar e óleo de q’namon acesas a iluminavam tenuamente despejando suas luzes suaves sobre as paredes rochosas abóbora-ocre da gruta e a impregnando com seus perfumes maravilhosos. Não haviam nuvens ao entardecer do décimo quarto dia de Ayarú[2] - o segundo mês, nomeado pelos antigos de Nahór Yeór “Afluente de Luz[3]” em Omeq Lívna onde se encontra a gigantesca estátua de Armon há’Éven – O Eremita de Pedra – também prestigiado como Cohen Ein Panim - o Monge sem face - sobre o qual, diz a tradição, de suas mãos fluirão as águas de hitorerut[4] quando o messias chegar. Por setenta gerações apregoam os clérigos do legado místico do deserto que, no momento que águas forem contempladas fluindo das mãos do Eremita de éven-bazlat[5] - erigido há três mil e trezentos anos no planalto de Lívna, o messias terá chegado.
Ao Sul, Ma’erav – o sol azul - inundava com seus últimos raios a escarpa rochosa de Adunai tornando o poente um espetáculo crepuscular acroamático e logo Pála – a terceira lua – vestindo um véu nupcial semitransparente faria ascensão à sua cheia exibindo o halo da compreensão divina ao seu redor o qual os antigos chamam de Kevód El – o Halo da Glória[6] permitindo aos olhos dos contemplativos a sua apreciação asceta. Todos os corações já estavam repletos de contemplações místicas[7] chamadas nos maeglim pinimiim – os círculos interiores[8] - de kavanat levavim[9].
Os pássaros de fogo, os Hofa’ot, cruzavam a pré-noite vindos de seu enigmático esconderijo, incandescendo suas plumas num espetáculo, como de costume, sobrenatural e por demais e sempre apreciado pelos habitantes das ohalei galuí aliót[10] e das cavernas e a principal delas era a Bizuná d’Adam Kásia[11] onde, desde os tempos primordiais, os sábios se encontram e se sabe, pela tradição, que uma noite sem nuvens e ignescente pelas incandescentes plumas dos Hofa’ot era uma vigília de mistérios abertos, e, especialmente, conforme dizia a agadá, o décimo quinto dia de cada chodesh[12] conhecido como “chamishá ezrá[13]” quando as almas dos mestres da Idra d’Mishkená[14] se faziam acessíveis neste zemin’ot[15] através dos Shaerei Malachim – os Portões dos Qerubim[16].
- Avigdor? – Chamou Adamas, o tecelão. – Dizem que Adam d’pagria[17] descobriu aqui, dentro desta gruta o Adam d’Kásia[18] e é por isto que ela foi nomeada Bizuná d’Adam Kásia. É verdade o que dizem?
- Sim! – Respondeu Avigdor. – É verdade e também a máxima da tradição que diz que, todo homem pode descobrir o Adão d’Kásia, se mérito tiver para isso.
Adamas não era um tecelão qualquer, mas um iniciado que aprendera os segredos da tradição com Ta’alumot, o quadragésimo segundo dos Ethanim que o ensinou a ler os códigos divinos escondidos nas tramas das tecelagens e cujo corpo repousa em sua qufsá suspensa preservada no Salão dos Mistérios de Aur.
O avir mizrach soprava sobre a alfombra árida[19] cor vermelho-canela levantando pequenos torvelinhos e trazendo o aroma do q’namon para dentro da meurá reforçando a já perfumada gruta e forçando os membros da hayk’la a inspirarem profundamente favorecendo as kavann’ot. Certamente os segredos de Adam Qadmaya[20] seriam revelados nesta radiante shachar ila’áh.
- Lehitarvël! Lehitarvël! – Ouviram os membros da tertúlia aos gritos da sentinela, o encarregado de observar os sinais enviados pelos andarilhos da aridez, os zéfiros, aragens desérticas que caminham como homens sobre a alfombra esotérica de Qédem.
- Lehitarvël! Lehitarvël[21]! – Escutavam as exclamações de Rimza[22] sobre o Rihua d’Ria – o vento vivo – denominado Lehitarvël cujo significado é “o Sopro do Despertar”.
- Rimza avisa que um Lehitarvël está descendo da crista de El ao Sul – lançou-se Sabra – o proclamador – bradando caverna adentro e enquanto ainda falava buscando folego um pássaro de fogo veio e pousou na plataforma de pedra calcária à entrada da caverna atrás dele levantando um véu vermelho-canela sequioso e o aflando para dentro da meurá forçando as inspirações contemplativas de todos. Olhou para os membros e abrindo novamente suas asas incandesceu suas plumas iluminando todo o interior da gruta cuja luz, fornecida por aquelas setenta e duas velas de cera de tamareira e óleo de q’manon e as quarenta e duas lâmpadas suspensas se esvaneceu diante da radiante cintilância causada pelas labaredas esplendorosas da ave[23] que, mantendo suas abrasantes asas abertas passou a gorjear aquele seu canto característico e maravilhoso no segredo da sua espécie.
- Ya-how-hu! Ya-how-hu! Ya-how-hu (יָהוֹהֻ)![24] – Chilreava o Hofa’ot intermitentemente causando inescrutáveis arrepios em todos os habitantes da gruta. Todos viram quando o Nome Divino[25] se manifestou entre às lumes labaredas criadas pelas abrasantes plumas da mística aparição e em seguida, ainda com as asas incandescentes, ergueu voo aos céus provocando que alguns dos participantes se levantassem e seguissem à entrada da caverna para contemplar o esfíngico espetáculo.
- Hu-ya-how! Hu-ya-how! Hu-ya-how (הֻיָהוֹ)! – Chalreava ao longe indo na direção da escarpa de Adunai onde seu bando estava empoleirado abrasando alternadamente, como num código, as suas plumas.
- Que visão maravilhosa! – Exclamou Zaruan[26] enquanto observada o bando. – Dizem que seu canto é um enigma celestial! – Acrescentou.
- O canto dos pássaros de fogo é um segredo que os anciãos do deserto nomearam “keróv gudlô” – um gorjeio cadenciado no qual um mistério espiritual se esconde. – Explicou Avigdor.
- Dizem que entoam o Nome Divino – disse Z’murá – o cantor. – E que neste canto se oculta o segredo, contam, que é um convite para os iniciados. Completou.
- Que convite e este Z’murá? Perguntou Sumá. – Os anciãos dizem que é a expressão interrogativa na qual o desafio convidativo “Gulá sód Ël be’Éden[27]” no idioma de Éber se faz ouvir através do gorjeio enigmático dos Hofa’ot.
- E o que significa Z’murá? Questionou R’zní – o trovador. – “Descubra o segredo divino do Éden”. Explicou Z’murá.
- Como é sábio este homem! – Disse Nuk’raya, o forâneo vinicultor de Odan, o vilarejo interior das escarpas de Odat[28].
- Aaah! Não é por menos! Ele é discipulo de Azhor! – Sussurrou algum no fundo da gruta despertando um burburinho alegre no grupo.
- Tinha que ser você, não é Dargia! – Disse Avigdor olhando para trás e encontrando seu amigo aos risos. Um breve silencio se seguiu para ser rompido pelos muitos dedos e gargalhadas apontando para o risadinha no fundo da caverna.
Ao contemplar os pássaros de fogo, um sussurro esotérico começou a levitar sobre mentes dos participantes do chug ne’elam[29] e era sobre o lugar secreto onde Hofa’ot edificaram o seu hermético ninho coletivo, o Ginat Odânia – Jardim do Éden – balbuciavam os lábios dos sábios da tertúlia esotérica. Dizem que somente um homem encontrou a Nativ[30] e a passagem secreta para o ninhal dos pássaros de fogo devido ao mérito de sua alma e ao conhecimento do seu espírito.
- Avigdor! Nos conte um enigma da tradição! – Exclamou um dos participantes da assembleia dos enigmas. Bahir era o seu nome.
- “Um homem que ama uma mulher, deseja vê-la nua, assim como o Senhor do Universo[31] deseja ser visto sem véus” – recitou Avigdor, um taguid[32] antigo conduzindo os pensamentos sobre a carruagem do poema esotérico. Logo, os céus estariam magnificamente estrelados exibindo aos iniciados o alfabeto celeste na abóboda de Aur os permitindo contemplar os seus mistérios.
- Tudo o que eu desejava é que minha Ágna estivesse aqui – Disse sorrindo Adatan – o iluminado - exibindo suas obturações artesanais de prata feitas por Shinuyi, o ortodontista do seu vilarejo num sorriso maroto típico dos habitantes do deserto interior.
- Ora, cale-se seu velho exibido – disse Ahab ao som das inúmeras gargalhadas dos demais membros – e agracie nossos ouvidos com o som do seu instrumento – completou. Adatan tomou seu al’lud’lyrae e começou a dedilhar a Ben Há’kaná – a canção da tradição esotérica que é o segredo do Nome de Quarenta e Duas Letras.
Esta seria uma noite esplendorosa na qual uma conjunção especial aconteceria. Seria a cheia de Leváv – a quinquagésima lua - em unificação com a cheia de Pála – a terceira lua, formando nos céus o que os imemoriais chamam de “Ayniá D’atiká - Os Olhos De Atiká[33]”. A luz da coroa celestial preencheria o receptáculo divino da Compreensão sagrada e os iniciados e estudantes alcançariam discernimento sobre os veneráveis glífos da Sabedoria antiga gravada no Réza Qedma’á também conhecido como Sipra há’Razim – O Livro dos Mistérios ancestrais[34].
Alguns até mesmo conseguiam ver, sob a luz das luas que se aproximavam de seu casamento, as almas das Hayot[35] cavalgando sobre as plumas flamejantes dos pássaros de fogo. Se conta que, certa ocasião, em uma Idra Mistor acontecida em Adam Kássia, Azhór revelou que, tais criaturas de luz são criadas pelas meditações com as letras do idioma sagrado dos mistérios, o Shábta.
Um sinal estava visível nos céus. O cometa Yadésh fazia o seu retorno de trezentos e quatorze anos cruzando as constelações, as letras do alef-beit elohai, deixando, aos despertos, a mensagem do anjo divino enviado por Lorde Atiká.
- Eis a pena de D'us com a qual ele escreve os Seus mistérios sobre o Seu etéreo pergaminho celestial. As constelações são suas letras, as estrelas suas vogais, e com elas os Seus anjos anotam a música do Jardim do Éden sobre a pauta musical da Sabedoria e quem for sábio compreenderá como interpretá-la" – Recitou com kavaná Avigdor, o patriarca da décima segunda tribo dos B’ney Éber apontando com o indicador esquerdo para o cometa. Seria dele o discurso esotérico que daria abertura à assembleia mística nesta noite.
- Metatron! – Exclamaram alguns outros dos líderes das tribos aludindo que o Yadésh era o próprio Escriba Divino vestido sob as flamas azuis de poeira e gelo do cometa cujo periélio era de exatos 314[36] anos. Logo o anjo luminoso cruzaria os céus sobre o Pilar de Yigal e Shefirá – o obelisco da pedra lápis-lazúli duzentos e sete quilômetros ao Norte de Oméq Lívina e sua passagem faria brilhar o código de Arba Gimra[37] – as quatro joias – como transmitido pela tradição esotérica de Aur.
- Berich atá Atiká Qadishá Gal Há’Sodot – Bendito sejas Tu ó Ancião Sagrado que revelas os mistérios – recitaram todos os que iriam participar da laila galuí há’razim – a noite dos mistérios revelados - enquanto faziam com ambas as mãos o mudrá sacerdotal e recitavam a prece da revelação: - “Beram itai Elá bi’shemayá galê col razin di chochmatá di Qédmá:
- E lá vai o andarilho de Shaddai jordaneando pelo caminho do rei através da alcatifa de estrelas adornada pelo alfabeto do Escriba Divino – poetizou Adatan ao som do seu instrumento.
Pergaminhos antigos relatam as brumas da Idra Mistor[39] que acontecera em Omeq Liviná[40] nesta noite durante a Primeira cheia de Leváv[41] no mês de Ayarú[42].
Após terminarem a invocação da prece assentaram-se na forma de uma espiral galáctica ao redor da Estela das Constelações – o Monolito shocham de treze metros de altura, um dos oitenta e seis pilares do mundo angélico cujo nome espiritual é Tzafenat Bat Peni’Ël e cuja beleza deixava todos homens com os corações e as mentes elevadas e desejosos para penetrar os seus mistérios. Foi fincado dentro da gruta pele anjo Galizur[43]. Seu cimo atravessa a abertura no teto da caverna e pode ser visto mesmo ao longe. Conta a agadá que Peni’Ël brilha como a luz de uma das gigantes azuis e que o universo pode ser visto através dela. Uma outra agadá narra sobre um homem impuro cujos olhos foram queimados ao tentar contemplar a beleza angélica de Tzafenat Bat Peni’Ël realizando uma invocação que lhe foi proibida devido à sua impureza. Seu nome era Tumá[44]. O anjo Rachmiel passou pelo portal aberto e o tocou e seu toque o purificou, porque o Divino, que conhece o futuro, sabia no que ele se transformaria e, por este motivo, ele passou a ser chamado de Tahorá cujo significado é “pureza”. Ele vive ainda hoje como o eremita guardião do “Poço de Sheva” que fica em uma sub caverna abaixo da Meurá de Adam Kásia no Vale de Livná e que recebe, por um afluente, as águas púrpuras do Argaman e ele também é o observador de Armon há’Even.
- Como pode um homem cego ser o observador de um sinal tão importante se não possui visão Avigdor? Perguntou Daula[45].
- Ele possui Chazon[46], Daula, e não precisa dos olhos físicos para enxergar qualquer coisa. Explicou Avidgor.
Os participantes da Idra Mistor, algumas vezes nomeada Idra Ila’á, eram em número de setenta e três, valor esotérico da Sabedoria e faltando apenas um, a Assembleia não se realizaria e Avigdor era o líder.
Através da abertura no teto da caverna podiam ver Shór (Taurus) se posicionar acima do Obelisco estelar. Assim que a constelação alcançou a posição mencionada nos textos antigos, os líderes das Tribos místicas do Deserto de Qédem começaram a entoar a Shirat Sale’í – a Canção da Estela das Constelações – um mantra registrado no Réza Qédma[47]:-
“Adonai sale’í umetsudatí, umefaltí, Eli tsurí echessê bô, maguiní ve’kéren yish’í misgabí
Cento e quarenta e quatro mil micro pedras haviam caído para repousar no fundo de todas as ampulhetas que, como já se sabe, todos os membros traziam atadas, em um cordão feito de especiaria trançada – propício para a acasião-, ao redor dos pescoços e que começaram a brilhar, quando alcançaram a setuagésima segunda recitação do mantra e, então, centelhas luminosas surgiram vindas de dentro da Estela, também chamada deste os tempos antigos de “O Portão das Estrelas” assim nomeada devido ao seu segredo: As luzes das estrelas das setenta e duas principais constelações, mergulharam através dos setenta e dois portais – os Stargates celestiais - para emergir através da Pedra Negra de Metatron – O Escriba Divino – como também é conhecida a Estela das Constelações. As centelhas iluminaram o código estelar escrito na Estela. Imediatamente após emergirem da Pedra negra, transmigraram para dentro dos corpos dos líderes das tribos que passaram a “profetizar sabedoria” encarnados com as centelhas luminosas dos arquivos celestiais. Suas vozes entoadas como uma partitura angélica, começaram a revelar os mistérios escritos no Rezá Qedmá durante toda a primeira vigília[48] e ao final dela, um descanso foi proclamado. Selái, uma das filhas de Tahorá – o ancião guardião do Poço de Sheva - entrou pela passagem côncava no lado oriental da caverna depois de subir os degraus da Sulam Yesód she’be’Yesod Ami’Ël – trazendo, junto com outras seis jovens, bandejas feitas de even-tzohar[49] repletas com copos feitos de madeira de tzipornim cheias com o vinho místico feito com as uvas das frondosas parreiras de Aur – as anavim sodim. Abaixo da meurá ouviam-se as águas do Argaman correndo pelo álveo de Selaé. O som das águas desaguando abaixo da caverna era uma canção esotérica aos ouvidos dos membros da Idra Mistor que cheiravam especiaria enquanto saboreavam o delicioso vinho.
Os membros logo retomariam as recitações. Aguardavam apenas que o cometa Yadésh estivesse cruzando o Pilar de Yigal e Shefirá que se realizava uma vez a cada 314 anos.
- Ei! Qása? Como está o seu vinho? – Gritou Avigdor levantando seu copo e estampando aquele sorriso maroto caraterístico dos andarilhos do alfombra místico de Qédem nos lábios.
– Melhor que o seu amigo! Respondeu Qása. – Como assim melhor que o meu? Retrucou Avigdor olhando para o fundo do seu copo com uma das sobrancelhas erguidas. – Não vieram ambos das mesmas videiras? – Completou.
- Mas o meu foi servido pela própria beleza, a filha de Tahorá! Respondeu Qása amparado pelos risos de todos os outros.
- Selái? Chamou Avigdor – sirva-me mais, por favor! Pediu erguendo o copo e arrancando mais risos dos amigos.
Enquanto aguardavam, alguns dos membros foram até a entrada da caverna de Adam Kasia e se sentaram na Sahada D’Nurá – a Plataforma do Testemunho de Fogo – onde desejavam testemunhar a aparição dos Amudim Vovim – Os Pilares de Fogo – que caminham pelo deserto à noite sempre com mensagens esotéricas aos despertos uma vez que são criaturas vivas.
- Será que eles virão? – Perguntou Abatur Rama aos amigos que o acompanharam até a plataforma. – Eles sempre vêm, eles sempre... respondia Ainata – o visionário – quando um pilar de fogo surgiu a Oeste desviando a atenção de todos os outros.
- Hinêh Shem Adunai holéch bôër bamidbar. Kevód Elohim hastér davar, u’kevód melachim chakór davor – Recitaram os visionários.
Sobre o Vale de Liviná, ele se encontra a 314 quilômetros no deserto de Qédem penetrando o tapete árido do deserto interior. Situado dentro da cratera de impacto do M314-26[50] – uma joia que se desgarrou das vestes azuis do anjo Yadesh no ano 44.314 – Omeq Liviná é também chamado de Gan Tziporá – O Jardim de Séfora – pois foi semeado com as vinte e seis sementes do Jardim superior de Lorde Atiká. Disseram os sábios de Aur: - Por que ele se chama Gan Tzipora? Porque Tzípora tem as mesmas letras de Há’Tzeruf cujo significado é “O Permutador”, pois foi neste local que Gaon Nistar – o sábio – permutou as letras que fizeram brotar as vinte seis sementes que floresceram no Vale de Livina e é por esta razão que os sábios vem até aqui para estudar das permutações dos Nomes Sagrados de Atiká.
Os antigos mestres da sabedoria dos B’ney Éber foram quem escavaram as cavernas nas quais habitaram, durante milênios, nas bordas da cratera do M314-26 e, principalmente a meurá de Adam Kássia.
- Avigdor? Nos conte a agadá sobre o Sabre[51] místico do mestre Moisés a qual Yitrô havia plantado no jardim dentro de sua tenda? – Pediu Avnér, o líder da terceira tribo. – E por que ele lhe deu Tzípora sua filha por esposa? – Completou.
- Na vara sagrada está gravado o Sagrado Nome do Senhor do Universo, Lorde Atiká, através do idioma dos mistérios, o Shabtá[52] que não era conhecido de todos aqueles que tentaram retirar o Sabre do jardim. Yitrô então prometeu que daria sua filha para o homem que conseguisse ler o Nome e levantar a Vara. Quando Moisés entrou no jardim e viu a vara, ele leu a cifra, pois sabia como permutá-la e revelou o Nome Sagrado. Ele ganhou Tzípora justamente por este mérito, pois Tzipora tem as mesmas letras de há’Tzeruf que é permutar, cambiar as letras através de um determinado método secreto que só é conhecido dos mais proeminentes místicos de Qédem.
- Este não é o segredo dos pássaros de fogo Avigdor? – Interrompeu Ëdá – o jovem[53] questionando sobre os Hofa’ót.
- A permutação dos Nomes Sagrados e das palavras da Torá que Moisés recebeu, cria um pássaro de fogo e sobre suas asas a alma se eleva. Através de dois métodos[54] de permutação “Hofa’á” se transforma em Tzipor que é a palavra no eberiano para pássaro – Explicou Avigdor.
- Então, este é mesmo o mistério dos Hofa’ot Avigdor! Eles são fenômenos espirituais criados e manifestos no mundo físico através de tzeruf das palavras do Sagrado! – afirmou Ëyal.
- Sim Ëyal! Quando fazemos um tzeruf de uma palavra e trazemos para fora um novo mistério que outrora estava escondido, criamos um pássaro de fogo e nossa alma ascende ao Jardim Superior nas asas deste pássaro – explicou Avigdor.
- Voltemos ao chug ne’elam amigos, o momento se aproxima e a luz de Yigal e Shefirá logo vai brilhar – convidou Avigdor. Um burburinho enigmático se seguiu ao convite, cada um dos membros recitando seu mantra pessoal enquanto retornava ao seu lugar.
O cometa yadésh iniciou a sua travessia sobre o Pilar de Yigal e Shefirá e no momento em que a inscrição no Pilar se iluminou, todos os membros fizeram o mudrá sacerdotal e recitaram em uníssono a invocação do Anjo Metatron:
"Vê'hachí kad haváh patach, Rabi Akivá be'ma'asêh merkavá, pomeicha haváh Sinai, ve''kaleicha haváh sulam, divêh malachim salkin ve'nachtin, be'col dibur ve'dibur dilêh, havá rachiv aleya malach... Metatron!".
Dipankara Vedas – o velho fabricante de lâmpadas da sabedoria - que também estava presente, abriu seu alforje e colocou, no meio do círculo, uma candelábra de nove lâmpadas feita de prata, ouro e bronze. Cada um dos outros nove líderes dos setenta e dois principais presentes abriram também seus alforjes e retiraram uma vela feita de cera de q’namon especialmente preparadas para a ocasião e enquanto Vedas preparava a menorá os outros recitavam preces místicas e se preparavam também para acender as suas velas.
A shachar nistar se seguiu adornada com revelações da sabedoria, conversas enfeitadas com muitas esfinges, pirâmides esotéricas as quais seriam escritas em muitos livros.
- Hitorerut! Mayim Hitorerut! – Ouviram os membros os clamores do velho guardião do poço de Sheva ao que todos se levantaram e se dirigiram à entrada da gruta com os olhares voltados para Armon Even Bazlat para contemplar as águas de Nahar Yeór fluírem de suas mãos. Depois de setenta gerações todos exultaram a chegada da Era messiânica, o Despertar daquele que, por trinta e três séculos esteve adormecido.
- Hitorerut! Mayim Hitorerut! – Ouviram os membros os clamores do velho guardião do poço de Sheva.
Abandonando seus pertences dentro da meurá de Adam Kássia, desceram a escarpa de Shaddai na direção do dere’k há’mélach – o caminho do Rei – que os conduziria a uma kartis nessiá – a passagem milagrosa – fincada em Omeq Átiqa – o Vale do Ancião – planicie vizinha a Omeq Lívina e que os conduziria a capital de Aur onde todos seriam reunidos sob à luz daquele que despertou – o messias de Qédem, mas ainda não sabiam que, em Pardês – a capital – encontrariam a grande batalha do dia do Despertar.
- Hitorerut! Mayim Hitorerut! – Ouviram os membros ao longe os clamores do velho guardião do poço de Sheva. – Hitorerut...
[1] O Livro Do Despertar Ancestral
[2] Segundo mês do luach de Qédem
[3] נָהָר יְאוֹר
[4] Despertar
[5] Basalto
[6] lE'-dôbüÐk
[7] Kavan’Ot Mekubalim
[8] Myymynp Mylg9m
[9] Introspecções dos corações
[10] tôCyiGliv yûlÃFg yElóhA' )Tendas das Revelações Superiores(
[11] O Adão Celeste – Arquétipo de toda humanidade.
[12] Mês
[13] Literalmente “Décimo Quinto”.
[14] Assembleia do Tabernáculo Superior (ankwm’d arda)
[15] Na língua de Éber “um dia específico” no qual as almas dos sábios convidam (Nuwmyiz) para que sejam acessados os mistérios gravados em suas reshimot (centelhas).
[16] A numerologia “Achas Beta – método dos habitantes do deserto interior” é 773 que é o segredo de “Éven Há’Shetyiáh – A Pedra da Fundação”. São doze os Portões que se abrem nesta noite.
[17] Humano
[18] Arquétipo Espiritual
[19] Tapeçaria desértica – como chamam os habitantes as areias de Omeq Lívna.
[20] Homem Primordial – A Árvore Das Vidas
[21] לְהִתְעַרְבֵּל – O mesmo que “שלחי לי סימן מקדמה (envia-me um sinal da tradição ancestral)”
[22] Sinal Secreto
[23]Tzipor Zôhar- também nomeado pela tradição esotérica do Deserto de Qédem.
[24] יָהוֹהֻ
[25] Eheyêh (אֶהְיֶה)
[26] Pai da luz
[27] Gulá sód Ël be’Éden (NedEvib lE' dOws hAlug). Gulá (hAlug) significa “descobrir, desvendar, penetrar o segredo esotérico. Sód significa “segredo oculto”. Él é o Nome Divino.
[28] Da’at:- Conhecimento
[29] Círculo hermético. A numerologia de Chug Ne’elam é 207 e é a mesma da palavra “Raz (zr)” que é mistério.
[30] Senda
[31] Lord Atiká
[32] Provérbio da tradição esotérica da Qedumá.
[33] Visão Espiritual
[34] Zê sipra d’Adam Qedma’á she’nathan lô Raziel há’Malach ou Réza Qédma’á.
[35] Criaturas de luz
[36] Gematria de Metatron e Shaddai que é o nome do cometa no sentido inverso: Yadésh
[37] Hiya (Shekiná), Ora (Buda), Dirka (Senda) e Kushta (Ordem) – semelhante ao Lama, Buda, Dharma e Sanga do budismo tibetano.
[38] Há um Ël no céu que revela todos os mistérios da Sabedoria de Qédmá.
[39] Assembleia do Mistério
[40] Vale de Liviná
[41] Coração de Atiká – A Quinquagésima Lua de Aur
[42]Noite do 14º dia do segundo mês.
[43] O outro nome de Raziel
[44] Impuro
[45] Aquarius
[46] Visão espiritual
[47] Segredo Ancestral
[48] Do ocaso do primeiro sol até a ascensão de Pála, a terceira lua.
[49] Pedra do Brilho
[50] Metatron Shadai Adonai
[51] Matêh (hi52a=m)
[52] Atbash (4’bt0)
[53] Edá há’Naar – uma alusão ao Anjo Metatron. Ëdá sofre uma permutação e se torna “Dê’á (Conhecimento)”. Dê’á há’Na’ar (Metatron) é “Conhecimento de Metatron”.
[54] Atbash e Avgad
Excerto
Crônicas De Qédem
Edição Comemorativa
10 Anos
Autor
Dipankara Vedas
Misha'Ël Ha'Levi
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