O Artrópode De Pedra
Ele fora encontrado nas profundezas de Mazal Akrav, nas terras áridas de
um pequeno planeta orbitante da gigante azul Sigma Scorpii, nomeada na
cartografia estelar por Alniyat[1].
Os expedicionários que o descobriram faziam parte de um grupo de arqueólogos
místicos do chamado Qibbütz Elyiahu. Compreenderem posteriormente, após
dedicado estudo que, o Akrav de pedra fora, na antiguidade, quarenta e quatro
mil anos distantes no passado, a Catedral do povo alienígena de D’rash – o
artrópode-humanoide remanescente dos Evenim Yodê’a há’Erev Briáh – Tábulas do
Conhecimento do Crepúsculo da Criação. Sua edificação fora datada milênios
antes da descoberta do Templo de Vênus Sabra, o rubi estelar pendante no colar
de Omicron Akrav[2],
onde o sarcófago de D’rash fora descoberto e desde de que ele revelara a origem
de seu povo e contara a Nachimânide sobre as vinte e seis Tábulas do
Conhecimento, que os arqueólogos procuravam por elas. Souberam pelos lábios do
ser artrópode-humanoide, que todos os segredos da criação estavam codificados
naquelas vinte e seis estelas sagradas gravados no idioma antigo que D’rash
chamou de “Lisan Even-Yodê’a – O Idioma do Alfabeto Oculto do Criador.”
Os estudiosos de mistérios que acompanharam os expedicionários do Elijah
Qibbütz, Criptólogos de Elióra, desvendaram que o Even-Yodê’a era um acrônimo
para “Alef-Beit Ne’elam Yodê’a – O Alfabeto Escondido do Conhecimento”.
O Alef-Beit Ne’elam
A gigantesca basílica artrópode possui quarenta e duas câmaras com vinte
e seis subcâmaras cada uma, num total de 1092 e depois de dois anos inteiros
pensando sobre este mistério, descobriram os arqueólogos que o valor da soma total das câmaras era a
gematria[3] da
sentença “mi-Torat Elohei[4]” e
que além de seu significado era uma chave para destrancar um outro sublime
segredo.
Na cabeça da edificação de pedra os expedicionários descobriram duzentos
e dezesseis parlamentos contendo em cada um deles um altar edificado com doze
tábulas com uma inscrição gravada em Lisan Even-Yodê’a, uma epígrafe em cada
tábula. Os parlamentos eram os aposentos dos duzentos e dezesseis membros da
Assembleia parlamentar de Dovra’t Ne’elam - o nome do gélido árido planeta, a
joia maior orbitante no colar gravitacional da gigante fria Alniyat[5], o
qual apelidaram de Kadem-De’a[6]
devido à descoberta de uma planta púpura encontrada em um Jardim interior
dentro do templo em uma câmara hermética e que ficou conhecida como Muscári da
Sabedoria. Bio-luminescênte e repleta de bulbos pendurados em sua haste, ao
todo vinte e oito pequenos tetraedros cada um contendo um líquido púrpuro
luminoso chamado de Orót ha’Razin – Luzes de Mistérios – pequeninas sementes
cintilantes encontradas dentro das câmaras das flores cuja ingestão proporciona
a iluminação da consciência. Os primeiros que as viram as compararam com estrelas
pulsares devido às suas cintilancias, e, de fato, elas pulsam e em uma
sequência matemática de 73 levavim[7]
por minuto. Se descobriu, que o nome era devido às propriedades geriátricas
iluminadoras do licor encontrado nas pequeninas pirâmides florídeas, setenta e
três qoren zeraim[8],
e que era usado como veneno ampliador da consciência pelo povo de D’rash.
Dunas Luminescentes
- Você já tinha visto dunas bioluminescêntes de gelo, Cholit? –
Perguntou She’ül, um dos expedicionários ao seu perplexo companheiro de
expedição ao se depararem com os outeiros de gelo luminosos.
- Por que elas emitem este brilho azul? – Cholit questionou intrigado
apontando para uma das cintilantes dunas.
- Dizem que os cristais de gelo dos quais são formadas emitem a luz da
oculta criação[9]
e é por isso que são luminescentes – respondeu She’ül.
A luz oculta é a Ór Ha’Ganuz que, segundo a tradição, foi esconidida
pelo Senhor do universo, Lord Atiká, logo após o Tsim-Tsum[10]
que deu origem À criação.
Uma inscrição em hieróglifo genético[11]
sobre uma Livnat Saphir que se descobriu no interior de uma piramidá edificada com
blocos de luz, e que se soube,
posteriormente, ter sido talhada de uma lasca do trono divino, no idioma de
Kadem-De’a, sequestrou a atenção dos Criptologistas de Elióra que levaram seis
anos[12]
para decifrá-la.
A câmara onde foi encontrada esta estela azul, ficara lacrada durante
mil duzentos e sessenta e seis anos. Foi Patách, o chefe do departamento de
criptografia de Elióra com o auxílio dos nove companheiros Kamätz, Tzerëi,
Segöl, Shëva, Cholëm, Chiriq, Qubütz e Sh’rëq quem descobriu que o segredo,
para destrancar a sala secreta, estava no sabre de D’rash que fora dado a
Nachimanide.
A inscrição dizia: “Da coroa do Rei brilham quatrocentos e vinte e seis
cintilancias de Luz. Sua cidade possui trinta e duas avenidas, e para entrar nela
cinquenta Portões estelares foram preparados. Setenta e duas pontes cruzam o
rio que cerca o seu Palácio. Quarenta e duas colunas de fogo guardam as portas
dos salões dos tesouros reais e somente o que conhece o segredo do Nome do Rei
contendo vinte e seis letras abrirá os mistérios das Estelas da Criação”.
Esta esfinge da Sabedoria ocupou os decifradores por muitos meses, até
que, não conseguindo abrir está pirâmide mística, a enviaram a mim, Beniel bar
Ayyub e eu a coloquei sobre a guarda de S’thur que como eu, fora iniciado na Escola de Mistérios
de Qedêm, e foi ele quem decifrou o enigma.
- No sabre de D’rash há uma inscrição contendo doze letras que é a chave
biogenética que abrirá a câmara – explicou Tzafën, o Criptólogo de Qedêm ao
membros do Elijah Qibbütz.
Sobre a descoberta de Kadên-De’a,
fora o Delta Argos, um veleiro espacial fabricado também em Avior, que o
encontrara enquanto navegava os mares profundos da Constelação de Escorpião. O
Argos fora construído para ser uma biblioteca esotérica com arquivos repletos
de milhares de pergaminhos–filmes. Gal’einay fora o experiente capitão-timoneiro
que conduziu o Argos pelas águas profundas da constelação de Akrav sob as vozes
dos navegantes que entoavam o poema de Yoach Kalach – o Anjo protetor.
A Necrópole Iluminada
Na cauda do Artrópode de Pedra os expedicionários encontraram uma
necrópole contendo duzentos e setenta sarcófagos flutuantes levitando sobre um
magnífico mar de luz. No centro deste oceano luminoso descobriam uma Cidadela
levitante cujas vivendas edificadas em todos os bairros possuíam um Escorpião
fluorescente em cada porta. Os estudiosos de Elióra descobriram que era um
leitor de palma, e de fato, somente
através deste as portas se abririam e somente com a biometria da palma dos
seres habitantes da Cidadela. Já haviam desistido de entrar em qualquer casa
quando, acidentalmente, um jovem arqueólogo do grupo chamado Adâmas, colocou a
palma da mão direita sobre um dos escorpiões fluorescentes em uma das portas, a
da residência 583. O leitor escaneou a mão do jovem e a porta se abriu. A
curiosidade em descobrir como se dera este “milagre” conduziu os cientistas a
uma incrível descoberta: Adâmas era filho do próprio D’rash com uma mulher de
Elióra chamada Amta d’Nurá que fora a esposa de D’rash durante 424 anos.
Ao tocar o akrav luminoso na porta da residência, outro mistério se
revelou: Adâmas despertou e começou a recuperar memórias de ensinamentos
secretos sobre os quais foram instruído por D’rash, seu pai, na infância.
Através destes ensinamentos muitos mistérios que estavam gravados nas estelas
foram revelados.
“ – O Despertar é a epifania da luz oculta da criação. O Despertar é o “Haja
luz...” do Creador, pois está escrito “Iehí Aür...” – Disse Adâmas, o filho de
D’rash.
[1] Sigma Scorpii – HIP 80112 – 20
Scorpii
[2] Omicron Scorpii – 19 Sco – HIP
80079
[3] Cálculo numerologico das letras de uma palavra escrita no idioma
divino.
[4] A partir da Instrução Divina.
[6] Conhecimento Antigo.
[7] Pulsações cardíacas
[8] Sementes translúcidas.
[9] Ór ha’Ganuz.
[11]
Gene-Hieróglifo
[12] Uma
emanação da Árvore Das Vidas.
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