segunda-feira, 20 de outubro de 2025

A ROSA NEGRA DE ATIKÁ

 

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A APARIÇÃO

ID: 144.166.207.048 – s72

 

294.769

 

Ayyūb tomou o seu Al’ud Lyrae que lhe fora dado de presente quando esteve em Sheliak[1] e começou a dedilhar as 72 invocações dos Nomes celestiais de Lorde Atiká. Estava sentado dentro do "Jardim Interior" cercado daquela maravilhosa diversidade de plantas naturais de Aür e outra centena de espécies alienígenas. As qatanim qórem-tamar[2] plantadas em vasos flutuantes, palmeiras de Ária Qadmáia trazidas da cidade de Omm, seqóias de Akrav, o lar de Dan, trepadeiras de Sólomon, diferentes por não existirem em forma fisica, mas na forma do mundo da emanação como sombras luminescentes. Plantada em um nini jardim de 72x72 amot2 estava a maravilhosa, mistica e imortal Rosa Negra radiante de Atiká, que é cultivada dentro do partzuf de keter, chamado de Qodêsh Qodashim – a primeira expansão. Uma flor única, cuja idade é um dos perfeitos mistérios do universo. Suas treze pétalas emitem o brilho púrpura do argaman, e em cada uma delas centenas de mini galáxias podem ser vistas, com centenas de milhares de sóis pendurados em suas bordas, uma visão cujo segredo somente as almas mais elevadas poderiam penetrar. Os sábios chamam-na de Shoshaná Shachorá shel Atiká.

As sete quedas d´água mantinham cheia a piscina suspensa, e os céus estavam repletos de estrelas piscantes como os sad´ram voando ao redor das etzim. Sobre este magnífico “Jardim” falar-lhes-ei adiante.

Um código estava escrito nos céus naquela noite traçado pelo dedo de Atiká e Ayyūb podia lê-lo na perfeição, uma vez que fora iniciado na Sabedoria de Qédem pela Escola Séter. Podiam contar-se as galáxias satélites da grande espiral de Qédem naquela mística noite.

Os Nomes de Atiká fluíam dos lábios purpúreos do patriarca os quais podia ler nas paredes onde foram gravados em Shab´ta dentro do jardim. Sentiu o “erev avir – o sopro do entardecer” tocar-lhe os fios prateados dos cabelos.


- Quantas espirais contaste hoje nos céus, diz-me? – a voz fez-se presente no jardim interior, mas a sua origem não, e Ayyūb pode imediatamente reconhecer as entonações de Lorde Atiká. Ao desviar os olhos para baixo da piscina suspensa, viu a chama que flutuava sobre o lago abaixo dela, à qual os Ethanim chamam Aisha Há-Or.

- Setenta e duas meu Senhor – respondeu Ayyūb enquanto abafava com a mão direita as cordas do seu devoto instrumento.

- Ei-zêh há-derech iechaléq or iafetz Qédem alei-aretz? – Perguntou Atiká na língua de Éber, e a cada palavra Ayyūb viu as línguas de fogo que eram lançadas da chama que flutuava sobre o lago.

“Onde está vereda por onde se difunde a luz e caminha o vento de Qédem sobre a terra?” – ressoou instantaneamente na mente do patriarca como se num daqueles tradutores automáticos feitos em Meconai – o planeta das máquinas.

Percebeu, apesar da tradução na sua mente, que a pergunta de Atiká continha um código, algo mais profundo que falava directamente à sua nishamá (alma divina), pois podia ouvir distintamente as setenta e duas línguas que fluíam nas palavras de Atiká.

Havia setenta e duas línguas de fogo dançando ao redor da chama abaixo da piscina.

Ayyūb lembrou-se imediatamente do ensino de Magid sobre o “Código de Chazkiel” escrito na língua de Belteshazzar que continha setenta e duas palavras.

Então a sua mente elevou-se, e percebeu que aquela oração podia invocar o poder daquelas setenta e duas espirais satélites de Qédem.

- Pelas barbas de Magid! –exclamou Ayyūb, desviando o olhar para o manto negro estendido sobre o planeta.

- Eftecha ve´mashal Pi, abiá chidot mini Qédem! – Novamente a voz de Atiká e novamente a tradução se fez naturalmente na mente de Ayyūb.

- “Contarei uma parábola e enunciarei enigmas desde os tempos de Qédem”.

Uma das “línguas de fogo” flutuou até ao patriarca que instintivamente lhe estendeu a mão direita com a palma voltada para cima. A chama manteve-se então por sete micro pedras de uma sha´on pequena, para de seguida lhe penetrar na palma. A mão do patriarca continuou a brilhar como uma única lâmpada suspensa, por vinte e seis daqót.

- Olha para ela Ayyūb - disse o Senhor do universo. Ayyūb bar Atiká, assim chamado desde a sua chegada ao planeta da Luz divina, fitou o olhar na palma da sua mão e viu gravado nela uma das Oti ´Ót do shab´ta, a vigésima terceira.

Enquanto olhava para sua mão, começou a ouvir uma música, instintivamente procurou a sua origem. Percebeu então, que vinha do espaço, diretamente das setenta e duas espirais galácticas, satélites de Qédem. Eram como que milhares de orquestras, executando juntas a Shari-Yah. Jamais, nos seus 5.766 shanot tinha presenciado uma audição como aquela, não podia encontrar palavras para classificá-la. Rendeu-se então aos sons daquela música galáctica e logo o patriarca de Aür levitava com os braços elevados sobre a piscina suspensa dentro do jardim interior. As suas unhas brilhavam como estrelas no universo e sabia agora que a música era entoada pelos milhares de seres habitantes daquelas setenta e duas galáxias satélites de Qédem, que louvavam o Creador do universo. Podia distinguir e separar na sua mente cada uma das milhares de vozes e os seus significados, coisa que nenhum tradutor, mesmo os mais modernos fabricados em Meconai, seria capaz de realizar, uma vez que nem mesmo o G.A.D.I tinha a classificação de todos os idiomas falados naqueles mundos.

Segredos foram-lhe revelados naquela noite, posteriormente registados em pergaminhos segretos e escondidos nas cavernas do Oásis Interior. Alguns destes segredos foram organizados neste Sipur, com a autorização dos Sábios de Aür.

Esta fora a única vez em seus 5.766 shanot que tinha sido presenteado com este fenómeno pelo Senhor do universo.

 



[1] Planeta orbitante de “Beta Lyrae” na constelação de Lyra, lar dos músicos do universo.

[2] Tamareiras anãs de Aur.


CRÔNICAS DE QÉDEM

BËN MÄHREN QADËSH

ISBN 9786599082023

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