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Meurat Zikaron
A Caverna Das
Memórias
ID:
144.268.207.48
AREIAS VERMELHAS
A aragem caminhante do entardecer,
soprava plumas de areia de sobre altas dunas, criando um magnifico véu de
poeira e tornando ainda mais belo o crepuscular poético e místico dos seis sóis
de Aür. Um torvelinho andarilho movia-se, visto ao longe, em direção ao deserto
profundo. Quando um zéfiro como este era visto caminhando sobre as areias,
alguém sempre dizia: “ – Ali vai zéfiro do Zen das areias e das dunas.”
Diversos pares de pegadas impressos sobre
o belíssimo tapete árido que compõe o maravilhoso deserto do planeta da luz
divina, apontavam a direção tomada por andarilhos iniciados, longevos nos
caminhos místicos de areias esotéricas, anciãos das dunas da sabedoria, a
crista de Dágna, uma escarpa rochosa que desponta sobre o deserto e coberta por
uma extensa duna. Esta beleza do deserto é também conhecida como “Dágna Selaít”
pelos povos das areias.
As impressões dos caminhantes eram
como palavras anotadas em um pergaminho cuidadosamente preparado pelo escriba, criptografando
mistérios inefáveis, códigos grafados por passos sábios propositalmente
deixados para apontar o caminho para os neófitos de trilhas esotéricas.
Frequentemente se fazia ouvir, ao ouvido de um noviço qualquer, um velho ditado
das areias, um provérbio iluminado pelas estrelas de Akrav:
“Os que não são iniciados e não
conhecem os Caminhos do Deserto, devem aprender a caminhar sobre as pegadas dos
anciãos das areias da sabedoria...”
Certa vez, Chidüsh, um jovem
iniciante, questionou por que sempre se sussurrava este velho adágio do deserto
ao ouvido de um noviço. “- Muitos foram os que se perderam no deserto por não
conhecerem os seus caminhos.” – Lhe respondeu Etzël, um velho professor das
areias cujo nome significa “sombra de D’us” pois ele era como uma presença
sobre o deserto, uma aparição silenciosa produzida por uma nuvem inesperada e
nunca o viam chegar e sempre surpreendia algum grupo de caminhantes do deserto,
os Nodédim, que saltavam assustados de seus esconderijos nas areias ou dentre
as escarpas dos outeiros quando o percebiam.
- Hahaha! Tarde demais palermas! –
Bradava Etzël, suas palavras cavalgando gargalhadas. – Ora, pare de relinchar,
seu velho cavalo do deserto! - Contestava algum às gargalhas do velho das
areias.
Dos que se perderam no deserto, se
conta, em outro axioma, que “nem mesmo suas almas encontraram os caminhos de
volta à segurança das aldeias áridas.”
Os professores das areias eram os
mestres entendidos nos caminhos secretos do deserto cujas sha’onim,
preenchidas com centelhas da nebulosa do Relógio de Areia, não despejavam
apenas pedras luminosas nos fundos de suas redomas mas, mistérios divinos que
somente o “Zen das Areias e das Dunas” conhecem. Eles são chamados “Marei
d’Madvra – Mestres do Deserto.”
Os caminhos do deserto são chamados
de “Dirgia D’Naziruta – Os 32 degraus da Sabedoria.”
Crepuscular hermético
Eles não estavam atrasados. Logo no início
da hajra, bem na borda do deserto, entraram em uma kartis-nessiá
que os atravessou para Omeq Qorem-Tamar - Vale das Tamareiras Luminosas. Ali, apearam
de seus dromedários e se refrescaram na fonte de Darchá-Orayita e
saciaram a sede de toda a caravana, incluindo a dos animais de cristas
luminescentes. Eles, os membros da caravana, todos habitantes de Nizrat Alumot
– a cidadela - chegariam à crista de Dágna no horário para o encontro com os líderes
dos Edey antes do crepúsculo. Faltava apenas uma hora contada em uma sha’on de
bolso para que chegassem ao local. Beberam das águas vivas e luminosas de
Darchá-Orayita, se alimentaram com os frutos luminosos das Qorem-tamar e,
então, retomaram a hajra e após 72.000 micro-pedras repousarem no fundo das
sha’onim, chegaram ao local do encontro. A caravana era composta por quarenta e
dois membros sem contar os animais.
O Ramsia-Tali – o momento entre o
pôr-do-sol e o anoitecer – havia chegado. Na orla do deserto, e lá, para aonde
haviam subido, sobre a crista de Dágna – uma extensa escarpa rochosa
coberta por uma belíssima duna, os líderes das tribos dos Edëy, juntamente com
os membros da caravana que vieram de Nizrat Alumot, todos cobertos com seus tali’ot,
se curvavam sobre suas faces antes de iniciarem a Cavanat-Cochavei – a
meditação estelar – no momento no qual as três estrelas da constelação de
Beit-Ël despontavam no horizonte oriental iniciando suas ascensões. Eles haviam
acabado de descer do cume de Har-Arazá – a montanha do mistério – onde contemplaram o
Anapia-Iumá – o por-dos-sois – a ocasião na qual se pode observar o ocaso dos
seis sóis de Aür, momento coroado com o crepúsculo do sol vermelho cuja luz é a
última a se ocultar no horizonte desértico criando o Ramsia-Tali e, enquanto
aguardavam o crepúsculo, recitavam as palavras sagradas do livro de Azhór
iluminando as próprias almas. Momento propício...
A crepuscular e árida brisa vinda do
deserto interior continuava alentando os grãos de areia formados por sílicas
avermelhadas, aquela pluma soprada de sobre as dunas provocando aquele efeito à
luz poente do sol vermelho e à medida em quem os últimos raios de Din se
ocultavam sob o árido horizonte em direção ao deserto profundo, produziam estas
chamadas “Cholot-Adumim – as Areias Vermelhas”, fenômeno criado pela influência
desta particular aura sobre os grânulos de areia que compõem saibros deste
deserto. Nesta ocasião, um Gabrá – o Coletor –
é enviado para colher dessas areias influenciadas pela radiação do sol vermelho
que serão usadas como sais de banhos em águas aquecidas pelas grávidas dos
Edëy. Eles enviaram Gaÿa, um dos mais experientes dos Coletores.
Ao longe, os homens observavam
enquanto Gaya caminhava sobre o deserto, em direção as areias vermelhas. A
aragem esotérica entoava a “canção da areia” nome dado ao som do vento soprando
sobre as dunas, segundo a tradição, a Qalá-d’Razá – a Voz do Mistério – o
sussurro inaudível revelando às almas dos iniciados os segredos de D’us. Este
sopro profético é também conhecido dos místicos dos B’ney Éber como Ruachá
Qadishá Elahaya – o Espírito Sagrado de Elohim.
A espetacular visão, a areia soprada
de sobre as dunas, uma contemplação mística, elevou ainda mais as consciências
de todos os presentes sobre a crista de Dágna.
Após a meditação, guardando em seus
alforjes seus tapetes e xales de orações, e tendo retornado o Gabra que haviam
enviado, eles passaram a aguardar a chegada das outras caravanas místicas
vindas da Capital. Os tarmidaya
também estariam presentes e entre eles, Beniel, o capitão da guarda imperial.
Eu, Tariq Wasifa, de acordo com a tradição, estando presente, registrei todos estes
eventos.
Descidas duzentas e dezesseis mil
micro-pedras em todas as sha’onim, os sóis já haviam se posto e as estrelas
cintilavam nos céus embelezando a noite e, apesar de já estar escuro, todos
podiam notar que as pegadas de Gaya, deixadas sobre o deserto vermelho, ainda
reluziam devido à benéfica radiação que emanava dos grãos da areia. Os anciãos
das areias sempre sabiam se algum Coletor havia estado na região devido às
pegadas luminosas deixadas impressas sobre o tapete do Divino, como chamam os
mestres das areias, ao deserto.
- Seus passos sempre deixam marcas
suaves sobre as areias, não é mesmo Gaya. – Disse Arda, um dos líderes ao
Coletor que haviam enviado se dirigindo a ele pelo nome. O significado é que,
aquele que pretende penetrar os mistérios escritos sobre as areias do deserto,
deve saber como caminhar sobre ele. O darchá d’madvra – caminhante do deserto –
era iniciado e preparado desde a juventude para caminhar sobre as areias do
deserto da sabedoria.
Gaya, um tribal alto, cabelos negros
encaracolados como os pelos de um Êz das montanhas de Aür, olhos também negros
com um poço de itr’an e um
dos mais antigos dos Coletores, na verdade um grande professor para os mais
jovens, causava muito respeito aos demais.
Faltando setenta e duas mil micro
pedras, as sha’onim indicavam a chegada total do crepúsculo. Todos os participantes
do Ramsia-Tali seriam hospedados na caverna de Har-Arazá e, como nos conta a
tradição, conversas místicas varariam a madrugada antes que todos se
permitissem dormir.
- Vamos? – Convidou Rab-Hia, um dos
anciãos, ao grupo. – A subida é íngreme e os mais novos devem ser auxiliados
pelos mais velhos. – Completou.
Avir Lechishót
Sussurros da madrugada
O vento soprava pela madrugada
através dos respiradouros da caverna de Har-Arazá. Para os não iniciados era
apenas o uivo do zéfiro da noite e sem nenhum significado. Já, para os instruídos
nos caminhos místicos do deserto, o sopro do Avir Lechishót, como conhecido dos
andarilhos esotéricos das areias, revelava segredos às almas dos despertos.
- O que diz? Gaya? – Perguntou um
dos membros da caravana que viera de Pardês. – Talvez, que você deva dormir? –
Respondeu Gaya em tom satírico.
- Ele está dizendo que os mistérios
registrados nas almas dos sábios, nos aguardam na Caverna das Memórias e que
devemos estar preparados. – Respondeu Rab-Hia. – Agora, durmam. - Ordenou.
Lâmpadas suspensas enfraquecidas
conferiam uma atmosfera mística e misteriosa à caverna. Na parede leste, um
altar no qual repousava uma menorá acesa dentro de uma pequena abertura côncava
clamava silenciosamente a atenção dos noviços. Alguns dos homens estavam
sentados na posição da lótus sobre seus tapetes e rezavam, sussurradamente, uma
das orações tradicionais do deserto requerida para o momento.
Próxima à parede oeste, dentro de um
belíssimo jardim, uma Qorem-tamar, iluminava, com seus frutos cintilantes, um
outro grupo de caminhantes das areias que sussurravam o segredo daquela
tamareira luminosa assentado em meio círculo ao redor do jardim.
Na parede sul, uma grande abertura
na forma de um olho, exibia as estrelas que embelezavam a noite. Um pássaro de
fogo cruzou os céus gorjeando segredos com seu canto enquanto encandecia suas
magnificas plumas. – Ya-how-hu, hu-how-Ya – chilreava a ave de fogo. Alguns dos
homens se dirigiram à esta abertura com intenção de contemplar a aparição e
ouvir o seu canto místico.
O Argonauta
Dezenas de embarcações flutuantes, a
maioria delas fabricadas em Aviór eCar
e, uma delas, em especial, fabricada em jVel
na constelação da Quilha. Seu nome “Argonauta”. Um imponente veleiro espacial
usado unicamente para transporte dos Anciãos de Aür. O Argonauta possui doze
entradas principais que são chamadas de Shaerei-Tzedëk – Portais da Justiça. O
acesso às entradas são doze escadas feitas de madeira de Ilon inclusos os seis degraus,
corrimãos de cordame trançado. As doze
somam um total de setenta e dois. Ajna é
o timoneiro do Argonauta, um homem alto, com 1,80 metros, longos e negros
cabelos trançados e, que sempre com alegria e poemas místicos, como instrui a
tradição dos timoneiros, conduz este veleiro flutuante às viagens estelares da
Sabedoria.
“- Singra, ó m’alma, as antigas
veredas pautadas pelos cometas, carruagens divinas cavalgadas pelos Sarim
celestiais. Singra, ó meu espírito, as órbitas esotéricas dos sóis soprado
pelos ventos estelares.” – Entoava Ajna enquanto conduzia com firmeza, o
veleiro celeste, alçando flutuação do espaço-porto de Aür. “- Singra, ó
m’alma...” – cantava. É a tradição...
Certa vez, sob a condução de Ajna, o
Argonauta fez uma hajra às bordas da galáxia. No convés de observação, através
das janelas protegidas por vidros de saphir, os estudantes e iniciados da
Escola Séter meditavam enquanto observavam as maravilhosas estrelas orbitantes
no anel galáctico de Qédem como joias azuis num cordão de prata.
Havia, também, uma dezena de
flutuadores aeróstatos
com cabines-cestas dormitórios feitas de madeira de shitim, com
camas, armários de provisões e estantes para livros e pergaminhos e todos
fabricados em Narada, o 4º mundo de dKapa
por uma antiga Ordem artesã cuja tradição remonta três mil anos. Ah! Cada um
desses flutuadores possui também um fogareiro de luz para cozinhar ou aquecer
alimentos.
Os aeróstatos são inflados com um
gás especial extraído das centelhas de Deneb Algedi, sua estrela. O tecido
usado na fabricação dos aeróstatos de Narada é fiado a partir da seda da Lepidoptera-Lux
cujo habitat é Ür-Qadmaia, terceiro mundo de dFenix. Em razão da “Farfar-Ór”,
como chamada em Aür, ser luminosa, os aeróstatos brilham à noite conferindo, junto
com as estrelas, uma beleza sibilina aos céus do planeta conduzida por
aeronautas iniciados. Um desses iniciados era o próprio patriarca de Aür,
Ayyüb, que estava viajando no seu próprio aeróstato. No fogareiro de luz, uma
sopa de alho de Darman – o mundo das medicinas – situado na borda da galáxia. O
alho de Darman possui um aroma maravilhoso capaz mesmo de dar água na boca.
Ayyüb gostava de cozinhar durante longas viagem de aeróstato e pouquíssimos
conheciam esta particularidade do patriarca do planeta da luz divina.
A senda aérea até a orla do deserto
onde Ayyüb se reuniria aos líderes das tribos dos Edëy cruza o Vale de Arqa, um
local no qual a luz e a escuridão da noite se cruzam na madrugada antes do
amanhecer em sete dias distintos no ano. Arqa, durante esses sete dias, é palco
de muitas peregrinações místicas durante as quais, os participantes contemplam
com meditações e preces, este maravilhoso espetáculo. Abaixo, no Vale de Arqa,
está o canyon de Arta.
Em suas paredes, inúmeras moradias foram escavadas nos tempos antigos durante
os quais Aür era regido pelos Ethanim. Arta é alvo de caçadores de relíquias, arqueólogos
e também peregrinos.
Os céus acima já exibiam algumas das
galáxias menores e Qédem ainda não havia despontado no horizonte. Do teto
transparente de vidro de saphir, Ayyüb contemplava as estrelas e as espirais
menores meditando com seus mistérios divinos.
OS ANCIÃOS
Os cento e quarenta e quatro, já
devidamente vestidos com suas batas brancas cerimoniais, golas altas com bordas
em dourado, todas bordadas em prata com um segredo em Shab’tá – o antigo idioma
da criação – em escrita cursiva e comprimento até os pés, todos caracteristicamente
tatuados com Hina
sobre as costas da mão direita com a árvore sefirótica de Hadar sobre a pele, haviam
embarcado no Argonauta, o veleiro espacial fabricado na Constelação da Quilha,
em um planeta orbitante de jVel e que integra a grande
fragata composta por dezoito naus espaciais. Eles são chamados Qadmonim – os
144 anciãos guardiões da Sabedoria oculta de Qédem. Diz a tradição que eles, os
Anciãos, possuem as memórias de todas as coisas, razão pela qual são sempre
convidados para os rituais sagrados em Aür. Suas bocas somente se abrem para
proferir as palavras da Sabedoria escondida e contam, as testemunhas, que, até
mesmo é possível contemplar as centelhas da luz fluindo de seus lábios enquanto
revelam segredos.
No terceiro dia do festival, um
momento especial e muito aguardado, durante o qual a unificação do planeta
Sarim com Pála – a terceira luz – se realizaria, a Luz da Ascensão seria
compartilhada de todos e mistérios desde os primórdios seriam revelados pelos
Anciãos de Aür. Este momento místico planetário se realiza apenas uma vez a cada 521 anos e
é chamado de há’Alyi’Ot – A Ascensão.
Carruagens Divinas
As rechovot
de Aür alçaram flutuação antigravitacional iniciando uma hajra a
partir do espaço-porto de PARDÊS, a capital, conduzindo os muitos praticantes e
estudantes para participarem do Satori – o festival da compreensão – realizado
após o Ioman há’Zicaron – o dia da recordação – dia durante o qual as
recordações da Sabedoria da criação se torna possível. O Arpoador também
compunha, juntamente com o Argonauta, a caravana levando os 314 estudantes da
Escola Séter – a Escola de Mistérios. A candelabra permanecia acesa dentro do
salão secreto e crepitavam de suas lâmpadas as centelhas das almas dos sábios
da tradição. As rechovot os conduziriam até a borda do deserto a partir da qual
uma caravana mística os faria completar a hajra uma vez que a tradição não
permitia veículos artificiais percorrendo sobre o deserto.
Ao extremo sul de Aür, em direção ao
deserto profundo de Qédma Hamsa Ória, a
uma semana de caminhada em caravana sobre as corcovas do davashti-aür, na encosta de Tura
d’Zachariel fica a
planície de Arzei Levanon, um pavimento aplainado na encosta leste do monte
sobre o qual se situa a Meurat Zikaron – a Caverna das Memórias – dentro da
qual centelhas de almas podem ser recebidas permitindo a ressurreição das
memórias dos antigos e assim também da Sabedoria e esta era o principal motivo
da vinda dos 144 para Qédma Hamsa Ória. A pradaria à frente da elevação
montanhosa é onde cresceram os Arazim-Teurim - os Cedros Luminosos de Aür - cujos
galhos são em número de setenta e dois em cada árvore e chamados também de
“Perfeições Luminosas.” Este cedros são em número de seis gigantescas árvores
que cresceram espontaneamente na região. Dizem, os sábios do deserto, que foram
semeados no pensamento de Lord Atiká antes que o universo fosse criado e
depois, plantadas pelos Elohim. Tais árvores foram nomeadas pelos Edey de “Os
seis dias da criação.”
No centro da planície fica a Teená
há’Gilayon – a figueira do esplendor - sob o qual os místicos alcançam a
iluminação. Esta figueira luminosa somente brilha, revelando seu esplendor, quando
um andarilho das sendas da sabedoria alcança o Satori
meditando sentado sob suas folhas. Dizem os despertos que as folhas da Teená
há’Gilayon é repleta de mistérios codificados e é a penetração de tais
mistérios que conduz o andarilho das sendas a alcançar a iluminação. Conta a
tradição de Aür da Escola Séter que, foi sob as folhas da Teená há’Gilayon que
Adão alcançou a iluminação e o despertar. Seus frutos são chamados “Priyut
d’Rázim” que significa “Progenitores dos Mistérios.” Conta a tradição dos
mistérios que foi Raziel, o anjo, quem pessoalmente deu a Adão o primeiro fruto
da Teená há’Gilayon e que, quando Adão o comeu, imediatamente passou a revelar
os mistérios a Sabedoria primordial de Qédem.
As tribos que vivem à encosta de
Tura d’Zachariel são comunidades etnobotânicas e também exobotânicas. Seus
sábios estudam a interação da sociedade humana com peculiar botânica da região
e com a botânica de planetas exteriores.
No
cume da montanha que, segundo a tradição, fora aplainada pelos Elohim no início
da era dos Ethanim há quarenta e dois mil anos, fica o espaço-porto de Bab-Él,
conhecido como “O Portal do Divino” através do qual as rechovot-elahaya
entraram em Aür, durante a época dos Antigos, trazendo tecnologias ao planeta
da luz divina e também revelações da sabedoria divina. Sobre o espaço-porto
todo calçado com pítida, a pedra do milagre, está gravado o escudo de Metraton.
É o único local no deserto que permite a atracação de veículos antigravitacionais.
O Arpoador era uma das naves náuticas antigravitacionais fabricadas em Aviór
permitidas a atracarem no espaço-porto acima da montanha.
É no dia duzentos e noventa e oito
do ano de Aür que tem vinte e seis meses num total de mil cento e dezoito dias
lunares e solares, a cada sete anos, no qual é realizado o “Ioman há’Zicaron –
o Dia das Recordações”, celebrado durante uma semana durante a qual os rituais
se cumprem dentro da Genizá – a Tenda do Tesouro Oculto - também conhecida pelos iniciados como “Öhel
Otzër Ne’elam.” É também nesta semana de Zicaron que acontece o “Ishür” que é o
alinhamento dos seis sóis também conhecido como “parélios mi-Aür” que não é um
fenômeno óptico, mas um verdadeiro alimento celeste. Imagine a beleza dos seis
sóis de Aür alinhados em uma diagonal celeste ao entardecer, uma visão capaz de
induzir à contemplação aos Qadmonim.
Durante o “ishür” o Principe Raziel
atravessa o Portal em sua carruagem celeste e ancora sobre o espaço-porto acima
de Tura d’Zachariel.
À frente da montanha fica o
terra-porto de Arzei Levanon onde os hovercraft – os veículos flutuantes do
deserto – permitidos nessa região, aportam. Há também lugar e instalações para
as caravanas e outros veículos usados em Aür.
Qédma Hamsa Ória fora o local de
nascimento de Dipamkara Vedas, o velho artesão fabricante de candeeiros e das
místicas lâmpadas que entesouram as almas dos sábios.
Dirigíveis vindos de cidadelas
vizinhas começavam a sobrevoar o espaço-porto acima da montanha e alguns outros
o terra-porto à frende da belíssima pradaria. Os timoneiros manobravam
habilmente suas embarcações flutuantes aguardando a permissão para ancorarem
tanto no espaço-porto quando no terra-porto de Arzei Levanon. Centenas de
passageiros aguardavam o momento do desembarque e logo chegariam também as
caravanas terrestres trazendo os Filhos de Éber cuja tradição não permitia o
transporte por ar em dirigíveis e embarcações espaciais.
A grande caverna, como era também
conhecida dos iniciados de Aür, estava preparada. Não havia lâmpadas suspensas
acesas e toda a iluminação era provida por duzentas e dezesseis grandes velas
acesas e distribuídas esotericamente por todo o Babta Naz’ruta
onde o ritual seria realizado pelo principado sacerdotal do deserto em cujas
mãos estaria a Margna d’Zaita – a Vara da Oliveira do Paraíso.
Fora da caverna, nos céus, as
embarcações flutuantes de Aür continuam a atracar no espaço-porto acima da
montanha. O Arpoador estava lá. Veio conduzindo os estudantes da Escola de
Mistérios que iriam participar do ritual. Pássaros de fogo cruzavam as nuvens
gorjeando as permutações do Nome Sagrado no segredo de temurá.
Um outro grupo de andarilhos
místicos viria através da Kartis Nessiá que fora colocada no final da crista de
Dagna e que os atravessaria por teletransporte de Pardês, a capital de Aür, até
a orla do deserto de onde seguiriam sobre as corcovas do davashti-aür.
A Ascensão
Ao entardecer do terceiro dia do
festival, todos se reuniriam na pradaria à frente da montanha para contemplarem
a Alyi’Ot, nome que recebe a ascensão do gigante planeta Sarim coroado por seus
seis anés no horizonte oeste em conjunção com Pála – a terceira lua de Aür. Uma bênção especial
seria recitada assim que três estrelas se tornassem visíveis antes da ascensão.
“- Baruch atá Atiqá Qadishá asher
noten lânu ha’Alyi’Ot mi-Aür u’mi-Qédem” – são as palavras na bênção e cujo
significado é “Bendito sejas tu, ó Ancião Sagrado, que nos proporcionaste a
Ascensão dos mundos de Aür e de Qédem.”